No ano passado, durante uma especialização que fiz na Universidade de Cambridge, uma das aulas sobre liderança trouxe um case que me marcou profundamente: a expedição ao Polo Sul, no início do século XX.
Dois líderes. Dois estilos de gestão. Um objetivo em comum: serem os primeiros a alcançar o ponto mais meridional da Terra.
De um lado, Roald Amundsen, norueguês.
Do outro, Robert Falcon Scott, britânico.
Depois de algumas semanas intensas por aqui, com pressão e decisões importantes na mesa, esse case voltou à minha memória. Achei que valia resgatar e dividir algumas reflexões que ele sempre me trouxe, porque, no fim, ele funciona como um espelho poderoso para quem lidera em ambientes de alta performance.
A mesma meta. Estratégias opostas.
O que mais me marcou no estudo foi que ambos tinham o mesmo destino. A mesma ambição. A mesma complexidade logística e os mesmos recursos naturais contra eles: frio extremo, isolamento, limitações de comunicação, riscos altíssimos.
Mas os caminhos que escolheram e a forma como lideraram suas equipes foram radicalmente diferentes.
Amundsen foi pragmático, colaborativo e focado em consistência.
Ele estudou as culturas locais (como os inuítes), optou por cães de trenó em vez de tecnologias não testadas, treinou exaustivamente sua equipe e definiu um ritmo claro: avançar 20 milhas por dia, nem mais, nem menos.
Scott, por outro lado, centralizou decisões, apostou em trenós motorizados que falharam, sobrecarregou o time e oscilou entre impulsos e improviso.
O resultado?
Amundsen chegou ao Polo Sul primeiro.
Scott chegou depois e nunca voltou para casa.
O que isso nos ensina sobre liderança?
Que não é a ambição que determina quem vence, mas a forma como você conduz a jornada.
Amundsen liderou com:
✔ Clareza de estratégia
✔ Planejamento realista
✔ Ritmo sustentável
✔ Confiança no time
Mais do que controlar, ele capacitou.
Mais do que pressionar, ele preparou.
Mais do que tentar surpreender, ele sustentou.
E o que isso tem a ver com liderança comercial?
Tudo.
Em uma operação comercial, você também está lidando com metas ambiciosas, pressão constante, terreno instável e equipes que olham para você em busca de direção.
Você pode ser o líder que oscila com o mês, reage no susto e pressiona no final.
Ou pode ser o líder que constrói um plano, mantém o ritmo, ajusta sem drama e forma um time que confia na rota e em quem está guiando.
A diferença entre chegar e se perder no caminho não está só na meta, mas também na condução.
A provocação que deixo nesta edição:
📍 Você está liderando com consistência ou no impulso?
📍 Está construindo previsibilidade ou dependendo de imprevistos?
📍 Está centralizando tudo ou desenvolvendo um time que sabe caminhar com você?
O Polo Sul pode ser simbólico, mas a jornada é real.
E, no nosso caso, o destino não é geográfico. É resultado. É cultura. É evolução.
Se queremos chegar, e chegar juntos, a forma como lideramos fará toda a diferença.
Vamos pra cima que mais uma semana vem aí!
Mari Mello 🚀